sábado, 2 de dezembro de 2017

Tempo de construir a paz




Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta (RS)
Ao iniciarmos nosso caminho de preparação para as festas natalinas, do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, somos convidados a mergulhar em Deus que se faz pequeno e vem até nós para nos trazer a salvação e a paz e nos ensinar a maneira de construí-la. A proposta da Igreja presente no Rio Grande do Sul, para este tempo do Advento, traz como tema: “Tempo de construir a paz”. Queremos intensificar nossa opção pessoal e social pela paz. Como educar para a paz?
As situações de violência e ódio sempre tem uma raiz no pecado presente no coração humano, que atinge a pessoa e a sociedade. O autoconhecimento revela as sombras que habitam em nós. Nelas está o princípio de toda violência. “Se amamos a paz, então detestemos a injustiça, a tirania, a ganância, mas detestemos essas coisas em nós mesmos, não no outro” (Thomas Merton). A reconciliação conosco mesmos é a condição de possibilidade da paz. Para nós, cristãos, este voltar-se para nosso santuário interior sempre é feito através de um encontro com Cristo, que ao mesmo tempo espelha as contradições que vivemos e nos oferece a sua paz. “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14, 27). Nele está o dom da paz, como nos diz São Paulo: “Ele veio anunciar a paz” (Ef 2,17). Continua afirmando que “Cristo é a nossa paz. […] Na sua carne derrubou o muro da separação: o ódio” (Ef 2,14). O tempo de Advento é propício para este encontro com o Príncipe da Paz e, nele, conosco mesmos.
O Natal nos recorda que, em Cristo, deve se edificar a fraternidade humana. Nele a humanidade é unificada, numa grande família, como nos diz o Concílio Vaticano II: “Com efeito, pela sua Encarnação, o Filho de Deus uniu-se de algum modo a todo homem” (GS 22).A paz é “artesanal”, nos diz o Papa Francisco, pois exige dedicação cotidiana, paciência e contínua busca. “A paz começa em casa nos pequenos gestos de cordialidade, em um olhar carinhoso, em um cumprimento, em um sorriso, em um abraço. Um coração cheio de paz contagia os que estão ao seu redor” (CNBB Sul3, 2017, p.12). Com certeza, nas relações familiares e do ambiente de trabalho, exige-se misericórdia e compreensão. O perdão sempre restitui a paz. A acolhida que queremos fazer do “Cristo que vem”, se concretiza na acolhida do “rosto” daquele com quem eu convivo.
Posturas pacificadoras devem também atingir as relações sociais e com o meio ambiente. Esta paz ativa também olha para a sociedade que é violenta, injusta e excludente. Não podemos pensar a paz sem buscar uma “ecologia integral”, que inclua o meio ambiente que sofre a violência humana. Como fazem mal posturas fundamentalistas agressivas na política, nas relações internacionais e, até, ao interno da Igreja. Isto sem falar da necessidade da cultura da paz no trânsito, nas escolas, nas crianças e jovens vítimas do narcotráfico. A solução para os conflitos não passa pelo enrijecimento de posturas, mas pela capacidade de desarmar-se e dialogar.
Renovemos nossa esperança e busquemos caminhos para a construção da cultura da paz. Participemos dos encontros de preparação para o Natal. Fixemos na porta de nossas casas a imagem do Anjo da Paz, o Anjo do Natal. O que eu posso fazer, neste tempo que prepara para o Natal, para construir a paz?
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