domingo, 5 de março de 2017

Pequenas coisas que partem do coração


Dom José Gislon
Bispo de Erexim (RS)



Estimados Diocesanos! Neste tempo de Quaresma, a mãe Igreja propõe aos seus filhos e filhas a prática do jejum. A Bíblia Sagrada menciona o jejum de quarenta dias de Moisés, do profeta Elias e principalmente aquele de Jesus Cristo.
Moisés por dois períodos de quarenta dias esteve sobre a montanha de Deus fazendo jejum. Num primeiro momento, para receber as tábuas da lei; em um segundo, para aplacar a ira de Deus e implorar a sua misericórdia sobre o povo que tinha se afastado do Deus que o havia libertado da escravidão do Egito.
O jejum do profeta Elias é o jejum de quem caminha no deserto, de quem vai para um encontro com o Senhor. É o jejum que o prepara para encontrar-se com Deus, para escutar a sua voz e estar na sua presença.
O jejum dos quarenta dias de Jesus o prepara para combater contra o mal e assim obter a vitória sobre as tentações do inimigo, mantendo-se fiel à Palavra de Deus. Neste contexto, durante a Quaresma, os quarenta dias de jejum de cada cristão tem por finalidade a penitência para obter o perdão dos pecados, a preparação ascética para o encontro com Deus e para combater as tentações e o maligno, guiados pelo exemplo e pela ajuda de Jesus Cristo.
Em sua mensagem para a Quaresma de 2009, o Papa Bento XVI lembrou que os Padres da Igreja sempre valorizaram o jejum como forma de abrir no coração do fiel a estrada para Deus. Na mesma mensagem, mencionou São Pedro Crisólogo, que em um de seus sermões escreveu: “O jejum é a alma da oração; e a misericórdia, a vida do jejum, por isso, quem reza, jejue. Quem jejua, tenha misericórdia. Quem, ao pedir deseja ser ouvido, ouça a quem lhe dirige um pedido. Quem quer encontrar aberto o coração de Deus para si não feche o seu a quem o suplica”.
Podemos cair na tentação de fazermos grandes propósitos neste tempo de Quaresma, correndo o risco de não realizá-los. Na verdade, é mais prudente partir das pequenas coisas e dos pequenos propósitos, que estejam ao alcance do nosso coração e podem ter um grande significado espiritual para a nossa vida particular, familiar e comunitária.
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