segunda-feira, 18 de maio de 2015

A freira iraquiana que acordou o Parlamento dos EUA sobre o “genocídio dos cristãos”



Irmã Diana Momeka, religiosa dominicana de Mosul que, em um primeiro momento teve o seu visto negado pelas autoridades norte-americanas.
Uma autêntica bomba o discurso que a irmã Diana Momeka, religiosa dominicana iraquiana de Mossul, dirigiu ontem ao Parlamento dos EUA reunido em Washington. Com coragem e humildade, testemunhando os horrores experimentados em seu país, mas também a esperança do seu povo, a freira – que, em um primeiro momento, teve o seu visto negado pelas autoridades norte-americanas, como informou a agência Asia News – denunciou o “genocídio humano e cultural” que padecem os cristãos no Iraque há quase cinco anos. Ou seja, a partir daquele terrível junho de 2014, em que um grupo desconhecido de terroristas, em seguida auto-proclamado Estado Islâmico no Iraque e na Síria (Isis), invadiu a planície de Nínive, arrastando "toda a região à beira de uma catástrofe terrível" .
Catástrofe que irmã Diana viveu em primeira pessoa, vendo passar na frente dos seus olhos nestes meses cenas sem precedentes de barbaridade: homens, mulheres, crianças forçados a deixar as próprias casas “com nada mais do que as próprias roupas”; edifícios destruídos, igrejas depredadas e bombardeadas, lugares arqueológicos e sagrados, patrimônio da humanidade, reduzidos a uma pilha de escombros.
"A perseguição que nossa comunidade enfrenta hoje é a mais brutal da nossa história", disse a dominicana, sublinhando que "o plano do Estado Islâmico é esvaziar a terra dos cristãos e limpar o solo da menor prova que dê testemunho da nossa existência no passado”.
Um genocídio, de fato. Não menos cruento do que aqueles que a história conta tristemente e que continua a acontecer a cada dia, sob os olhares de todos, há já um ano. Faltam, de fato, poucas semanas para o ‘aniversário’ do assalto do Isis à cidade de Mosul, depois do qual os jihadistas tomaram posse "de uma cidade após a outra", colocando três alternativas para a população cristão da região: “converter-se ao islamismo; pagar um tributo (jizya) para o Estado islâmico, abandonar as cidades".
A partir de junho, disse a freira, "mais de 120 mil pessoas estão refugiadas e sem casa na região do Curdistão do Iraque, deixando para trás o seu patrimônio e tudo o que trabalharam durante séculos. Essa erradicação, a depredação de todos os bens pertencentes até agora aos cristãos, transformou-lhes em refugiados no corpo e na alma, despojando-lhes de toda humanidade e dignidade”.
"Não só fomos roubados de nossas casas, propriedades e terras, mas também foi destruído o nosso patrimônio”, continuou, recordando ‘crimes’ como a destruição de preciosas áreas arqueológicas, também de caráter sagrado, como Mar Behnam e Sara, um mosteiro do século IV, ou antiguíssimo mosteiro de São Jorge em Mosul.
Tudo isso a dominicana chamou simplesmente de “uma situação grave”. Mas grave é pouco se pensamos que, atualmente, “os únicos cristãos que permaneceram na planície de Nínive são aqueles que foram mantidos como reféns”.
Em meio a estas tragédias, não falta, porém, “a esperança", disse irmã Diana. "Graças a Deus", e graças também à Igreja que "na região do Curdistão tomou a iniciativa e cuidou pessoalmente dos cristãos refugiados, fazendo realmente o melhor para lidar com o desastre”. “Os edifícios da Igreja – disse Momeka – foram abertos e colocas a disposição para servir de abrigo para os deslocados; forneceram-lhes comida e outros itens essenciais de primeira necessidade, para sanar as necessidades imediatas das pessoas; também ofereceram assistência sanitária gratuita”.
Além disso, "a Igreja lançou apelos aos quais responderam muitas organizações humanitárias, que prestaram auxílio aos milhares de pessoas em situações de extrema necessidade. Hoje – disse a religiosa – estamos gratos por tudo o que foi feito, com a maior parte das pessoas que encontraram um abrigo em pequenos containers pré-fabricados ou em algumas casas”.
Mas o trabalho à frente ainda é muito. A irmã iraquiana se dirigiu, portanto, à comunidade internacional e ao governo dos EUA, elencando uma série de iniciativas a serem adotadas “com a máxima urgência” para que seja possível "restaurar, reparar e reconstruir a comunidade cristã no Iraque". Primeiro, disse ele, é necessário “livrar as nossas casas da presença do auto-proclamado Estado Islâmico e favorecer a nossa volta”; depois deve ser promovido “um esforço comum e coordenado para reconstruir o que foi destruído – estradas, água, fornecimento elétrico, incluindo os nossos mosteiros e nossas igrejas". Finalmente, é preciso "incentivar as empresas a contribuir para a reconstrução do Iraque e do diálogo inter-religioso".
Tudo isso, de acordo com a Irmã Momeka, "pode ​​ser feito através das escolas, das faculdades e de projetos pedagógicos e educacionais orientados”. O importante, concluiu, é que todos tenham realmente no coração que “a diplomacia e não o genocídio”, e “o bem comum e não as armas”, deverão determinar “o futuro do Iraque e de todos os seus filhos”.
Fonte: Zenit
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