quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Vigilância, o tempo passa




Dom Caetano Ferrari
Diocese de Bauru

A essa altura do ano, a Liturgia já vai nos alertando para a chegada do fim de ano. Diante da realidade de que o tempo passa e nós passamos com ele, o Evangelho escolhido para a santa Missa deste domingo traz a parábola das dez virgens, cinco prudentes e cinco insensatas, que esperavam a chegada do noivo. A parábola fala sobre a vigilância. O noivo atrasa em chegar, as virgens pegam no sono. De repente eis que o noivo vem chegando e todas elas se levantam apressadas. As cinco prudentes tinham as suas lamparinas cheias de óleo suficiente para acendê-las ainda em tempo de recepcionar o noivo. As insensatas, porém, não tinham óleo em suas lamparinas. Pediram-no, então, emprestado às prudentes. Estas, porém, disseram não, porque corriam o risco de ficar, elas também, sem óleo bastante para si, e sugeriram para saírem a comprar aos vendedores. Enquanto saíram para comprar óleo, o noivo chegou, entrou em casa, as portas foram fechadas e começou a festa de casamento. As insensatas chegaram atrasadas e bateram à porta, dizendo: “Senhor! Senhor! Abre-nos a porta!” Ele, contudo, respondeu: “Em verdade eu vos digo, nem sequer vos conheço!” Jesus concluiu a parábola, dizendo: “Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia nem a hora”. Uma referência ao fim dos tempos e também ao fim da vida de cada um de nós. É importante que todos estejamos preparados por uma vida de fé, esperança e caridade, se desejarmos nos encontrar com o noivo, Jesus Cristo, quando Ele vier, e com ele entrar na posse do Reino de Deus e participar do banquete das núpcias do Cordeiro.
O final de ano, alertando-nos quanto à realidade do tempo que passa, nos convida à vigilância, isto é, a andar com as nossas lâmpadas acesas, a fim de não sermos surpreendidos quando o Senhor chegar para nos chamar. Não importa se a hora já está adiantada. Enquanto vivemos ainda é tempo. Mas, não deixemos para depois, como o fizeram as virgens tolas, porque pode ser tarde demais. Estejamos atentos, como sugeria São Francisco de Assis aos seus Frades: Irmãos, até agora pouco ou nada de bom fizemos para o Senhor, mais ainda é tempo, vamos recomeçar já”.
Sempre é tempo de recomeçar a fazer o bem, de viver com responsabilidade a nossa vida cristã. Todo momento é tempo oportuno de esperar por Jesus. Mas, como avisa o Evangelho, com as nossas lâmpadas acesas, para que Ele nos veja às claras, trabalhando pela nossa conversão de vida, pondo em prática as verdades do Evangelho, amando a Deus acima de tudo e ao próximo como a nós mesmos.
Ao falar da vigilância é oportuno estarmos atentos quanto ao momento atual da vida brasileira. Precisamos portar as nossas lâmpadas acesas e ter os nossos olhos bem abertos para compreender o momento atual. Estas palavras do apóstolo Paulo servem de alerta a todos os homens e mulheres de boa vontade: “Vede cuidadosamente como procedeis: não como tolos, mas como pessoas esclarecidas… porque estes dias são maus” (Ef 5 , 16).
Na administração pública, os dias atuais são de total desastre moral. Os meios de comunicação nos informam, a cada dia, sobre as últimas imoralidades. Sobre estes males, não vou repetir aqui o que todo mundo sabe. Desejo falar de outra imoralidade. A imoralidade que ataca a família e que gera a crise atual que afeta a vida social, a política, a economia e a paz. Patrocinada pelas forças do mal, há uma campanha bem organizada que faz propaganda sistemática sobre imoralidade sexual, fantasiada de arte, sobre homossexualismo e ideologia de gênero, como respeito à diversidade e à liberdade. Os meios de comunicação laicos, uma destas forças do mal, através de novelas, entrevistas direcionadas e programas seletivos vão formando uma mentalidade deletéria aos verdadeiros valores e costumes, justificando-se já uma denúncia publica como “corruptores de menores”. Foi importante a reação de parte da sociedade repudiando a exposição Queermuseu sobre a sexualidade humana, promovida pelo Banco Santander Cultural, que levou o Banco a cancelá-la e a pedir desculpas a todos os que se sentiram ofendidos. Gostei da crítica escrita pela Dra. Ângela Vidal Gandra Martins – Sexualidade humana em leilão – publicada pela Folha de São Paulo no dia 2 de novembro de 2017, pg. A3, comentando a exposição ocorrida no MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo). Ela afirma que “Uma das questões mais preocupantes do século 21 é a miséria afetiva, sendo a banalização da sexualidade apenas uma manifestação de estarmos perdendo de vista a completude de sua riqueza… Tal como a inflação econômica é um engano que pode afundar uma nação, em muito maior escala, o déficit de amor real e a hipersexualização são uma mentira existencial ainda mais danosa: um câncer social que desestabiliza as relações familiares; prolifera a carência afetiva, a súplica de estima e a manipulação da afetividade; promove o desrespeito à corporeidade humana e leva a descartar injustamente os ‘efeitos indesejados’”.

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