terça-feira, 5 de abril de 2016
Inicio »
» Proibição - Dom José Alberto Moura Arcebispo de Montes Claros (MG)
Proibição - Dom José Alberto Moura Arcebispo de Montes Claros (MG)
Dom José Alberto Moura
A título de se colocar em tempo de modernidade, muitos querem passar por cima de valores inerentes à vida e à dignidade humana. Nessa mentalidade se fala de tabu e preconceito quanto não se aceita o aborto, a “família homoafetiva”, o sexo livre e outros... Na época dos Apóstolos eles foram presos e perseguidos, bem como proibidos pelo sumo sacerdote de falarem em nome de Jesus (Cf. Atos 5,28). No entanto, esses discípulos desobedeceram às ordens humanas para realizarem as divinas: “É preciso obedecer a Deus antes que aos homens” (Ivi 5,29-30).
Na convivência humana há grupos e pessoas que querem impor para toda a sociedade suas idéias e ideais, nem sempre baseados em valores da natureza humana já traçados no seu âmago pelo Criador. Mesmo fazendo profissão de fé no Ser Superior contradizem-se, na prática, a Ele, não aceitando os ditames da consciência e querendo fazer com que o número estatístico do desejo de muitos seja a regra da ética, da moral e da vida. Opõem-se a dados da mesma natureza, como a defesa da vida e outros, assim também o enunciado baseado na revelação de Deus através da obra criada e da revelação feita através do Filho de Deus. Até para quem não tem fé cristã, valem os valores e verdades inerentes à dignidade da pessoa humana e do respeito às prendas da convivência social.
Querer proibir a promoção e a defesa do que é intrínseco à verdade e à natureza humana, é contrastar-se com a realidade da vida com seu significado e valor. Por isso mesmo, vale a desobediência ao que é tipicamente vontade humana para se seguir a verdade do Criador. Os apóstolos de Jesus não tiveram medo de enfrentar as oposições à pessoa e aos ensinamentos do Mestre. Deram até a vida em vista disso.
Hoje precisamos de pessoas que não tenham medo de promover e defender o bem baseado em valores perenes inerentes à dignidade e à natureza humana. A fé religiosa vem corroborar esses valores. Muitos usam do argumento de que esses valores são preconceituosos e tabus. Esquecem-se de que os valores religiosos são explicitação e reforço daqueles. A defesa da vida, apresentada pela revelação divina, já está incluída na natureza. Não é só valor baseado na crença dessa revelação. Passar por cima da vida, mesmo sem a conotação religiosa, é excluir o humano e tornar-se desumano!
A ressurreição de Jesus de Nazaré vem corroborar, de modo totalmente novo e abrangente, a valorização da vida em qualquer etapa, modo e situação. Ele nos ensina sobre como viver no planeta de modo responsável, para superarmos todo mecanismo de morte. Só assim teremos o prêmio eterno. Devemos fazer o dever de casa, mesmo tendo de nos sacrificar em bem da promoção da vida do planeta e, especialmente, da vida humana. Só ganha a vida plenamente realizada e premiada por Deus quem der de si pela vida de melhor qualidade a todos, como fez o próprio Jesus.
A resposta de Pedro à pergunta de Jesus se ele O amava foi positiva. Então o Mestre lhe deu a missão de apascentar seu rebanho em seu nome: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17). Todos também fazemos a profissão de fé nele, reforçando nossa vocação natural de viver na terra como pessoas que dão de si pelo convívio de fraternidade e paz, fundamentado na justiça misericordiosa. Isto significa que recebemos a vida como dom e é importante também darmos gratuitamente de nós, para colaborarmos com o bem do planeta e do próximo, aceitando as coordenadas de Deus. Na obediência a Ele construímos um convívio de promoção de todos, mesmo se desobedecermos às propostas contrastantes com a dele.
0 comentários:
Postar um comentário