terça-feira, 18 de agosto de 2015

Bispos católicos da Terra Santa denunciam rabino extremista


Bentzi Gopstein, líder do movimento extremista Lehava, apoiou em público o incêndio de locais de culto

As declarações do rabino Bentzi Gopstein, líder do Lehava, um dos movimentos mais radicais da extrema-direita religiosa judaica, têm despertado tamanha polêmica que ele foi denunciado pelos líderes das Igrejas católicas de Jerusalém por incitação ao ódio.

Alguns dias atrás, em Jerusalém, durante um debate com um numeroso grupo de estudantes das yeshiva, as escolas rabínicas, Gopstein respondeu sobre a questão das igrejas incendiadas em Israel: “Maimônides (importante filósofo judeu do século XII, considerado referência na interpretação da Torá) determinou ou não que os lugares de idolatria sejam destruídos? Eles devem ser destruídos, é simples. Que tipo de pergunta é essa?”.

Ao moderador, que lhe recordou que o debate estava sendo filmado, o líder do Lehava respondeu: “Essa é a última das minhas preocupações. Em nome da verdade, estou disposto a ficar na cadeia cinquenta anos”.

Incitar ao ódio contradiz a vontade de diálogo e de fraternidade defendida pela ala moderada do rabinato, que lançou uma campanha de crowdfunding para reconstruir a igreja de Tabgha depois do incêndio de 18 de junho.

A assembleia dos bispos católicos da Terra Santa, que reúne diversos ritos, apresentou uma queixa à polícia acusando Gopstein de incentivar os jovens a realizarem atos violentos. Em nota, os bispos comunicaram: “Estas palavras, pronunciadas depois de preocupantes atos de vandalismo contra lugares santos em Israel, são inaceitáveis​.​ Elas provocar ódio e representam uma ameaça real para os edifícios religiosos cristãos no país. A comunidade católica na Terra Santa tem medo e se sente em perigo. A assembleia insta as autoridades israelenses a garantirem proteção eficaz para os cidadãos cristãos neste país, bem como para os seus lugares de culto”.

Diante da falta de ação contra o Lehava, o advogado da Custódia da Terra Santa, Farid Joubran, escreveu em uma carta às autoridades competentes que “este atraso poderia ser interpretado como uma fraqueza por parte daqueles que devem fazer cumprir a lei, ou mesmo como um selo de aprovação às provocações racistas do Lehava. Este não é o momento para adiamentos, atrasos e omissões”.

“Cristãos e muçulmanos sentem que há uma ameaça”, disse por sua vez o pe. David Neuhaus, vigário do Patriarcado Latino de Jerusalém para os católicos de língua hebraica, em uma entrevista à TV 2000. “Algumas pessoas, felizmente uma minoria, incitam à violência. Nós já vimos as consequências disto: não só igrejas queimadas, mas coisas piores, como o caso em que alguns extremistas judeus queimaram uma casa com uma criança dentro. Esses incêndios são odiosos. Os católicos têm cumprido o seu dever cívico. Achamos importante recorrer à polícia e pedir medidas contra uma pessoa que representa um perigo para a sociedade. Essa pessoa tem orgulho de dizer que as igrejas e mesquitas em Israel devem ser queimadas”.

“A nossa convivência com os judeus é muito amigável e fraterna”, acrescentou o sacerdote. “Os extremistas, graças a Deus, são uma minoria, mas, quando há o silêncio da maioria, o perigo é que eles possam fazer qualquer coisa sem medo de consequências jurídicas. Temos relações cordiais com a maioria dos judeus. Devo dizer também que houve organizações judaicas que pediram à Igreja para denunciar o rabino às autoridades”.

Após o incêndio da igreja da Multiplicação e da casa em que foram mortos o pequeno Ali, de 18 meses, e seu pai, ambos palestinos, o governo de Netanyahu prometeu duras punições para quem fizesse interpretações extremistas da Torá a fim de fomentar a violência.

Nas últimas horas, foram presos os suspeitos de provocar os dois incêndios.

Fonte: Zenit
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