Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo
O Deus que se revela nas Sagradas Escrituras é um Deus que atua, que trabalha sempre, que não é indiferente. Sua ação é temporal, situada e sempre em favor da vida. Celebrar a Solenidade do Espírito Santo 2020 é afirmar que Deus, uno e trino, atua no hoje da história e não está ausente.
Porém, desde a modernidade e com o avanço das ciências da natureza muitas realidades que eram atribuídas à ação de Deus passaram a ter explicações a partir das leis da natureza. Isto gerou conflitos entre a religião e a ciência; questionamentos se de fato Deus atua no mundo; outros passaram a ter uma fé deísta; – isto é, creem na existência de um ser superior, mas o cosmos segue seu caminho de forma independente, como também a religião não tem nenhuma incidência moral – e outros optam pelo ateísmo.
Para falar da ação de Deus na vida das pessoas e da história hoje, é preciso partir desta realidade. É preciso “ler os sinais dos tempos” que o Espírito Santo suscita, como nos alertou o Concílio Vaticano II. Em primeiro lugar, muitos questionamentos que a ciência faz à religião e vice-versa, partem de premissas erradas gerando conflitos desnecessários. Alguns argumentos de grandes autoridades iluminam a inteligência sobre os questionamentos e dúvidas existentes.
Santo agostinho (354-430) numa controvérsia disse: “Não se lê no Evangelho que o Senhor tenha dito: “Lhes enviou o Paráclito que os ensinará o curso do sol e da lua”. O Senhor queria fazer cristãos e não astrólogos”. Conforme Galileu Galilei (1564-1642), a Escritura não se preocupa com o curso dos movimentos celestes, senão como pode o ser humano entrar no céu. A. Einstein (1879-1955) disse: “A ciência sem religião é manca; a religião sem ciência é cega”. Nesta compreensão ciência e religião são complementares e por isso precisam dialogar pois cada uma tem métodos e objetivos próprios.
Os textos bíblicos da Solenidade de Pentecostes falam ação de Deus, e como tornar a vida mais divina e mais perfeita, entre as quais vale sublinhar. 1. Unidade na diversidade. Atos dos Apóstolos 2,1-11 registra que pessoas oriundas de vários países, línguas compreendiam o que estavam ouvindo, porque os apóstolos falavam guiados pelo Espírito Santo. Na 1ª Carta aos Coríntios 12, Paulo afirma que o Espírito Santo é fonte de diversidade de ministérios e simultaneamente fonte de unidade em vista o bem comum. 2. “A paz esteja convosco”. A construção da paz entre pessoas, grupos, povos, tão ricos em diversidade, exige que as pessoas se deixem orientar pelo Espírito Deus. A paz só se concretiza quando se aprende a viver a unidade na diversidade. 3. Perdão. O ser humano é finito, em todas as suas dimensões. Por isso, as pessoas cometem pecados, gerando conflitos que só podem ser sanados pelo perdão dado e recebido. Perdoar é sempre uma ação divina, pois Deus é misericordioso.
“Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra”.
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