Arcebispo de Passo Fundo
O pensador, filósofo cristão, matemático Blaise Pascal (1623 + 1662) refletindo sobre o tempo escreveu na obra Pensamentos. “Nunca estamos no tempo presente. Antecipamos o futuro no afã de acelerar o curso de algo que demorará muito a chegar, ou relembramos o passado na tentativa de detê-lo, como algo que passa rápido demais: somos tão ingênuos que vagamos por tempos que não são os nossos e não pensamos no único que realmente nos pertence, somos tão vãos que sonhamos com tempos que não existem e nos evadimos sem refletir sobre o único tempo que realmente temos. É que o presente costuma nos ferir. Nós o tiramos de vista quando nos aflige e nos afligimos quando ele nos faz feliz, pois o sabemos fugaz e vemos como escorre por entre nossos dedos. Tentamos sustentá-lo com o futuro e dispor das coisas que não estão ao nosso alcance, por um tempo que não temos qualquer certeza de que chegará.
Examinamos nossos pensamentos: nós os encontraremos sempre entretidos com o passado ou com o futuro. Quase não pensamos sobre o presente e, quando isso acontece, é apenas para iluminar o que virá. O presente nunca é nosso fim: o passado e o presente são os meios, e nosso fim, o futuro.
Assim não vivemos, apenas esperamos pela vida e, ao estar sempre procurando a felicidade, é inevitável que nunca a encontremos”.
Blaise Pascal afirma que o presente fere e faz sofrer. Se o momento é belo e agradável, não queremos que passe, desejamos imortalizá-lo. Se o presente é de sofrimento queremos apressar a sua passagem ou escondê-lo. São duas ações que estão fora do nosso alcance, por isso o presente fere.
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